sábado, 15 de fevereiro de 2025

TAGUATINGA - TO. POR FELIPA CAVALCANTE DE ALMEIDA

 



Esta publicação só foi possível graças à colaboração da professora Rosália, que emprestou o livro dado a seu pai, o então vereador Sebastião Nogueira, pela própria autora, Felipa Cavalcanti de Almeida. Essa obra, a única que retrata a história da nossa cidade, foi escrita em 1992 com o apoio do prefeito da época, Dr. Antônio Tonico de Almeida.

Edilson Rocha








HISTÓRIA 


CAPÍTULO I
HISTÓRICO DO MUNICÍPIO

 

Taguatinga teve sua origem na Fazenda Brejo, propriedade de uma família numerosa. Pela fertilidade de suas terras, atraía um grande número de pessoas interessadas no trabalho rural, que, com o tempo, tornavam-se agregados e, posteriormente, proprietários.
Nas proximidades da fazenda, havia outras propriedades que também recebiam pessoas atraídas pelas circunstâncias.

 

Naquelas imediações, somente a área onde hoje se localiza a cidade de Taguatinga possuía vertentes de água doce. As demais, incluindo a Fazenda Brejo, eram servidas por água salobra, o que se presume ter sido um dos fatores para a grande concentração de trabalhadores na propriedade.


             Periodicamente, a fazenda recebia visitas de familiares que, previamente combinadas, reuniam-se ali para festas e confraternizações, permanecendo por vários dias em acampamentos improvisados. Esse costume se repetiu por longos anos, até que, aos poucos, começaram a abandonar as barracas e a construir casas para maior comodidade.


            Pessoas vindas de outros municípios e até mesmo de estados vizinhos, atraídas pelo comércio e pela exploração de ouro e outros minérios, passaram a transitar pela região. Algumas delas decidiram fixar residência, dando início a um pequeno núcleo populacional. Entre essas pessoas, destaca-se o comerciante Francisco Lino de Souza, natural de Paracatu (MG), considerado o fundador da cidade. Ele se casou com uma das filhas da família proprietária da fazenda.


           Em 1934, o povoado já florescente recebeu o nome de Santa Maria. Francisco Lino de Souza, então próspero comerciante, decidiu edificar uma capela e adquirir uma imagem de Santa Maria para o altar. Antes que a compra fosse realizada, passou pela região, com destino à Bahia, uma família procedente de Taipas (atualmente distrito de Conceição do Tocantins), que levava consigo uma imagem de Nossa Senhora da Abadia. A família se dispôs a ceder a imagem temporariamente, sob o acordo de que a buscaria mais tarde. No entanto, essa devolução nunca ocorreu, e a imagem permaneceu no povoado.
A capela foi elevada à categoria de paróquia de Santa Maria de Taguatinga pela Lei nº 105, de 5 de dezembro de 1840.

 

Em 1855, o povoado de Santa Maria de Taguatinga foi elevado à categoria de vila, conforme a Lei Provisória nº 4, de 6 de novembro do mesmo ano, criando um município que, posteriormente, foi suspenso pela Lei nº 355, de 1º de agosto de 1863.


           Em 1868, por meio da Lei nº 425, de 10 de novembro, a vila de Santa Maria de Taguatinga foi restaurada, e sua instalação ocorreu em 10 de junho de 1872, passando a integrar o termo pertencente à comarca de Paranã.

 

OUTROS DADOS SOBRE A ORIGEM DO MUNICÍPIO DE TAGUATINGA


No Itinerário do Rio de Janeiro ao Pará e Maranhão, pelas províncias de Minas Gerais e Goiás, escrito pelo Marechal Raimundo José da Cunha Matos em 1823, há registros importantes sobre a região. Naquele ano, o então governador das armas da Província de Goiás, Marechal Cunha Matos, percorreu quase toda a província e, em sua passagem por Taguatinga, vistoriou o registro local, deixando valiosas observações sobre a área.


          O mapa elaborado por ele oferece importantes subsídios sobre os caminhos de então,  que se aproximam das atuais rodovias e das antigas estradas REAIS. Esses levantamentos contribuíram para o crescimento da vila de Santa Maria de Taguatinga, cujas origens remontam ao século XVIII.


          Na Descrição Corográfica da Província de Goiás, Cunha Matos descreve detalhadamente o Registro, também chamado de Contagem Velha, cuja função era evitar o contrabando de ouro e garantir a arrecadação de impostos. Na cordilheira da Serra Geral, que faz divisa com o Estado da Bahia, esse era o único ponto de passagem para viajantes. Por isso, foi construído um POSTO FISCAL DE REGISTRO à margem direita do rio Dois Irmãos. O local consistia em uma pequena casa de pau a pique, rebocada com barro, contendo um quarto para o comandante, outro maior para abrigar cinco ou seis soldados e uma cozinha.


          As condições materiais eram tão precárias que os soldados consideravam o local pior que os desertos da Sibéria. No entanto, um filósofo da época descreveu a região como um sítio encantador, de deslumbrante beleza, a pouca distância da majestosa Serra Geral. A atual CACHOEIRA DO REGISTRO, formada pelo rio Sobrado e que despenca abruptamente em um imenso abismo, recebeu esse nome por estar próxima ao posto fiscal. Posteriormente, o registro teve seu nome alterado para "LAGES", em referência a um ribeirão que, ao se unir ao rio Dois Irmãos, formava o rio Sobrado.


         

 

Durante essa viagem, Cunha Matos também fez referências à Fazenda Saco, de propriedade de Dona Inês, onde residiam alguns agregados. No local, havia ainda uma casa de oração que reunia fiéis para os cultos dominicais. Essa fazenda foi a célula máter da vizinha cidade de Aurora do Tocantis

CAPÍTULO II

 

PERFIL GEOECONÔMICO E SOCIAL DO MUNICÍPIO  

(Dados referentes ao ano de 1992)


Área: O município possui uma área de 3.736 km².


População: De acordo com o Censo de 1991, a população urbana era de 5.308 habitantes, enquanto a zona rural contava com 6.092 habitantes.


Altitude: O município situa-se a 700 metros acima do nível do mar, sendo que grande parte de seu território está a aproximadamente 800 metros de altitude.


Clima: Tropical úmido, com temperaturas médias máximas de 36°C, mínimas de 17°C e média compensada de 24°C. O clima é ameno e temperado, especialmente nas proximidades da Serra Geral.


Localização: Suas coordenadas geográficas situam-se na zona do Paranã, com a sede municipal localizada aos pés da Serra Geral, na parte oeste do município, nas seguintes posições:


Latitude: 12°24’ Sul


Longitude: 46°26’ Oeste

 

 


Limites:


Norte: Município de Ponte Alta do Bom Jesus
Leste: Estado da Bahia, município de Barreiras ( atualmente Luís Eduardo Magalhaes)


Sul: Município de Aurora do Tocantins


Oeste: Município de Arraias


Regime de chuvas: O período chuvoso ocorre entre outubro e abril, com maior intensidade nos meses de dezembro, fevereiro e março. A precipitação pluviométrica anual é de aproximadamente 2.000 mm.
Infraestrutura meteorológica: A cidade é atendida por um posto meteorológico bem equipado, instalado em 1915.

Distritos:
     Em 1834, foi construída uma capela que se tornou a célula mater do Distrito de Santa Maria, elevado à categoria de paróquia pela Lei nº 105, de 5 de dezembro de 1840.


     Em 1855, o distrito foi elevado à categoria de vila com o nome de Santa Maria de Taguatinga, conforme a Lei Provisória nº 4, de 6 de novembro de 1855.


     Entre 1855 e 1872, esteve anexado aos municípios de São Domingos e Arraias.


     A instalação definitiva do município ocorreu em 10 de junho de 1872, com dois distritos: Santa Maria de Taguatinga e Aurora do Tocantins.
Na década de 1950, foi criado o distrito de Ponte Alta do Bom Jesus, totalizando três distritos em pleno desenvolvimento.

 

O município, inicialmente denominado Santa Maria de Taguatinga, teve seu nome posteriormente corrigido para Taguatinga. Por meio da Lei Estadual nº 425, de 10 de novembro de 1868, a vila de Santa Maria de Taguatinga foi restaurada e desmembrada do município de Arraias, tornando-se um município. Sua instalação oficial ocorreu em 10 de junho de 1872, ficando o termo pertencente à comarca de Paranã.
Até janeiro de 1964, Taguatinga possuía dois grandes distritos. No entanto, por decreto governamental de 1º de janeiro de 1964, o distrito de Aurora do Norte — atualmente chamado Aurora do Tocantins — foi emancipado, tornando-se um município autônomo. O mesmo aconteceu com o distrito de Ponte Alta do Bom Jesus, que também obteve sua emancipação política e passou à condição de município.


           Apesar das emancipações, existe um intercâmbio comercial ativo entre os municípios e Taguatinga. Além disso, os laços de amizade entre as famílias permanecem sólidos, garantindo equilíbrio nos setores social, político e comercial.

 

Em 1948, em conformidade com o artigo 8º das Disposições Constitucionais Transitórias do Estado, o município de Taguatinga foi elevado à categoria de primeira instância. Sua instalação solene ocorreu em 16 de maio de 1948, conduzida pelo então juiz de direito da Comarca de Arraias, Dr. Rivadávia Licínio de Miranda. O primeiro juiz municipal foi Manuel José de Almeida, esposo da autora.


Energia Elétrica


            Através da Celg, hoje Celtins, a Usina Hidrelétrica do Rio Abreu atende a zona urbana do município. Além disso, a Cooperativa de Eletrificação distribui energia para as cidades de Aurora do Tocantins, Combinado, Nova Alegre e Campos Belos de Goiás.

 

Comunicação
          O serviço de telefonia está a cargo da Telebrasília, permitindo chamadas de DDD para qualquer lugar do mundo. Os serviços postais e telegráficos são mantidos pela ECT, garantindo o envio e recebimento de correspondências.


        Outro importante serviço de comunicação é a televisão, que proporciona acesso em tempo real às notícias e eventos mundiais. A cidade também conta com uma estação rodoviária, que funciona como um ponto de atendimento aos usuários do transporte intermunicipal.
Todos esses serviços representam um importante patrimônio da cidade, que cresce e se expande sob a brisa tropical que percorre os coqueirais, conferindo à paisagem um encanto sutil.


Indústria
        No setor industrial, destaca-se a produção de cachaça, açúcar mascavo e rapadura, com diversos engenhos de cana implantados em fazendas do município. Taguatinga é conhecida pela qualidade de sua cachaça, celebrada no ditado popular:


"Aqui, além da terrinha, se tem a boa caninha."


Além disso, o município conta com:


Sete serrarias bem equipadas


Duas fábricas de móveis modernos


Fábricas de blocos e lajes para construção

 


Uma usina de calcário que abastece a agricultura de soja nos gerais da Bahia


Uma fábrica de sabão


Uma pequena fábrica de queijo


Taguatinga mantém um setor industrial diversificado, contribuindo significativamente para a economia local e regional.

 

O comércio é o principal fator de desenvolvimento do município. Na Delegacia Fiscal Regional de Taguatinga, a arrecadação de ICMS ocupa a terceira posição, sendo realizada por meio de 10 agências de renda e 4 postos fiscais.


          O município conta com mais de 100 estabelecimentos comerciais de médio e pequeno porte, abrangendo diversos setores, como:
Varejo


Supermercados e comércio de gêneros alimentícios

Panificadoras
Sorveterias
Lanchonetes
As transações comerciais são amplamente conectadas aos principais centros do país, incluindo São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Goiânia.

 

Agricultura e Pecuária


           A agricultura e a pecuária são as duas principais atividades econômicas do município, sendo a base do seu progresso. Com uma extensão territorial de 3.736 km², Taguatinga está em franco desenvolvimento.
            Embora a agricultura seja um fator relevante para a economia local, a atividade predominante é a pecuária, altamente ativa. A comercialização de gado é expressiva, com exportação para vários estados do Nordeste. O município possui fazendas espalhadas por toda a sua extensão, totalizando um rebanho bovino de aproximadamente 35 mil cabeças.


A criação de suínos, caprinos e equinos ocorre em menor escala. No entanto, o rebanho equino vem sofrendo declínio devido à incidência de anemia infecciosa equina.


Os agricultores e pecuaristas do município contam com o suporte do órgão Ruralteens, que dispõe de uma equipe de profissionais qualificados, incluindo:


Engenheiros agrônomos


Médicos veterinários


Técnicos agrícolas


Extensionistas rurais


Vacinadores


O principal objetivo desses profissionais é garantir a sanidade do rebanho municipal, promovendo assistência técnica e apoio ao desenvolvimento agropecuário.

 

Hidrografia e Relevo


Bacia Hidrográfica


O município de Taguatinga possui uma farta rede hidrográfica, destacando-se os seguintes rios:

 


Rio Ponte Alta – Forma o limite natural com o município de mesmo nome.
Rio Sobrado – Serve de divisa natural com Aurora do Tocantins.
Rio Palma – Define o limite natural com Arraias.
Outros cursos d'água permanentes que possibilitam a irrigação em terrenos propícios à agricultura.


Além desses, há diversos rios e córregos, entre eles:
Salobro, Grande, Conceição, Gregório, Abreu, Ouro, Cocunda, Estrema e Buriti Grande.


Relevo
O relevo do município é marcado por diversas formações naturais. Entre os destaques:


Cachoeira do Registro do Sobrado – Com uma queda d’água livre de 40 metros, proporciona um espetacular arco-íris permanente, dependendo da posição solar. Sua imponência pode ser comparada ao Salto de Itiquira.


Rio Abreu – Possui uma bela cascata, cujo potencial é aproveitado pela usina hidrelétrica, que fornece energia para Taguatinga, Aurora do Tocantins, Combinado, Novo Alegre e Campos Belos de Goiás.
Grutas dos Caldeirões e Ponte da Natureza – Conhecidas por sua beleza espetacular.


Lagoas dos Patos e São Mateus – Além da paisagem deslumbrante, são ricas em peixes.


Serra de Taguatinga – A única serra de destaque na região, que deu nome à cidade.


Morro dos Agudos e Morro Redondo – Formações geográficas características do município.


A riqueza natural da região favorece o turismo ecológico, proporcionando cenários únicos e um ambiente propício para atividades de lazer e contemplação.

 

O município de Taguatinga é cortado por estradas encascalhadas, ligadas por pontes, cuja conservação fica sob responsabilidade da Prefeitura Municipal. A malha viária do município conecta os pontos mais distantes à rodovia TO-118, que se estende em direção ao norte e sul, ligando os municípios de Dianópolis, Ponte Alta do Bom Jesus e Taguatinga, seguindo até Arraias, na divisa entre o Tocantins e o Estado de Goiás. Além disso, a BR-242 liga o estado da Bahia ao sudeste do Tocantins, no sentido leste-oeste.


Transportes de Ontem e de Hoje


Ao refletir sobre as últimas cinco décadas, vemos um grande avanço nos meios de transporte na região norte do estado de Goiás. Comparando o passado com o presente, podemos contrastar as viagens a cavalo ou de burro com as atuais feitas em ônibus coletivos modernos ou carros particulares.


Naquela época, as viagens eram marcadas por pouca rapidez e muito romantismo, quando as comitivas eram preparadas e o passo lento dos muares permitia apreciar a beleza das paisagens regionais. Os apetrechos de carga eram usados, juntamente com celas e sinhões para a montaria. Esses sinhões eram especialmente vantajosos para as mulheres, pois proporcionavam maior conforto, devido à posição do arreio e à escolha dos animais mais mansos e bonitos. Havia também uma ponta de vaidade na confecção dos arreios, que eram, às vezes, luxuosos, com adereços de prata.

 

 


O carro de boi correntão era o único meio de transporte de carga na época, utilizado não apenas para o transporte municipal, mas também para intermunicipal e estadual. A cidade de Barreiras, na Bahia, era o principal centro comercial para o norte-nordeste de Goiás, abastecendo a região com produtos como sal, querosene, café, tecidos e ferramentas para a agricultura, enquanto os produtos locais, como a carne de sol, eram transportados para lá, sendo altamente apreciados.

 

A viagem, ao longo das trilhas dos imensos chapadões da Serra Geral, tinha uma duração de 15 a 25 dias, e o comboio, composto de três a cinco carros, era conduzido por quatro ou mais parelhas de bois, sob o comando dos carreiros. O carretão, outro transporte primitivo e de grande utilidade na época, era utilizado nas fazendas para o transporte de toras de madeira.


           Com a chegada do progresso, representado pelo asfalto e pelas estradas vicinais, o transporte a cavalo caiu em desuso. Hoje, várias empresas oferecem ônibus que partem diariamente de Taguatinga para Brasília, Goiânia e cidades vizinhas. Não existem ferrovias nem transporte aéreo no município, sendo que caminhões são responsáveis pelo transporte de carga.

 

Assistência Médico-Sanitária:

 

A cidade conta com um hospital bem equipado, que, em homenagem ao deputado João Batista de Almeida, filho de Taguatinga, foi batizado sob a proteção de São João Batista. Anexo a este hospital, funciona a Maternidade Nossa Senhora da Abadia, que oferece atendimento à cidade graças ao esforço do abnegado prefeito municipal, Dr. Antônio Tonico de Almeida, que considera a saúde uma das principais metas de seu governo. Além disso, funciona o órgão federal SUCAM, que presta assistência a todo o município, realizando um trabalho eficiente, especialmente nas áreas rurais, com destaque para a campanha de erradicação do barbeiro no combate à Doença de Chagas.


Assistência Social:

 

A primeira-dama do município, Senhora Josemária Azevedo de Almeida, desde o início de seu trabalho, tem se dedicado ao atendimento das pessoas carentes. Atualmente, estão em funcionamento cursos de datilografia, artesanato, culinária, corte e costura, além de um clube de mães gestantes.

A generosidade do povo taguatinguense não permite desamparo ou miséria para seus irmãos incapazes, que são acolhidos em um asilo, sob a direção da primeira-dama do município. O povo é unido nas alegrias e nas tristezas, como se vê nos funerais, onde não faltam mãos generosas para carregar o caixão até o cemitério, completando o cortejo até seu destino final.


Segurança Pública:

A segurança do município é garantida por uma delegacia de polícia com um pequeno destacamento policial, complementado por serviços de radiofonia. Este destacamento é suficiente para manter a ordem, com ocorrências de desordem e violência sendo mínimas.

 

A cidade:

Taguatinga está localizada em uma encosta suave e pitoresca, numa planície ao lado da Serra Geral, a maior cordilheira do Brasil. Esta serra tem início no Estado do Maranhão, com o nome de Serra da Mangabeira, e vai até a divisa de Goiás com Minas Gerais, onde é conhecida como Serra das Divisões. A cidade se apresenta como um bosque, repleta de árvores frutíferas, com um exuberante coqueiral que emoldura o panorama local, tornando-se símbolo da cidade, conhecida como Cidade das Palmeiras.

 


          À medida que se observa a paisagem, destacam-se as manchas vermelhas e escuras dos telhados antigos, mescladas com a profusão de telhados novos, resultado das inúmeras construções que são um reflexo do progresso local. As casas bem conservadas, as ruas pavimentadas e limpas, e as praças bem cuidadas conferem à cidade um aspecto agradável e acolhedor.

 

 

Na Praça da Matriz, ergue-se o prédio do Banco do Brasil, um importante marco do passado da cidade.


            No final do século XIX, Taguatinga viveu seu auge na pecuária, aproveitando as vastas pastagens naturais. Os coronéis pecuaristas, símbolos de prosperidade e prestígio, construíam residências imponentes, substituindo as simples casas de beiral por fachadas ornamentadas e de grande destaque.

 

Dentro deste contexto, o senhor Manoel do Carmo Lima, patriarca de uma numerosa família, construiu o Sobrado, que hoje abriga a agência do Banco do Brasil. O imóvel foi adquirido de uma neta do coronel mencionado, e os trabalhos de restauração foram realizados pela SPHAN, com cuidado na preservação do patrimônio original, tornando-o um dos últimos remanescentes do século XIX em toda a região. Esse esforço é digno de nota, especialmente por um estabelecimento bancário, como o Banco do Brasil, preservar as tradições locais, representadas por casarões que agora fazem parte da história de Taguatinga.

 

Hábitos e costumes.


           Apoiada nas tradições nacionais, a família taguatingense respeita a dignidade de todos e considera cada pessoa, em particular, como semelhante. Ninguém é uma ilha para viver isolado. As famílias, mesmo com o corre-corre diário, vivem em harmonia, sobrando ainda tempo para visitas e bate-papos amistosos à porta das residências, à sombra da frondosa arborização.


         Nas festividades de batizados e primeira comunhão, as mesas são fartas de bolos coloridos e salgadinhos variados. Tradicionalmente, usa-se o famoso bolo de arroz, o mane pelado e o biscoito de galho, itens indispensáveis nas mesas taguatinguenses.

 

O figurino é atualizado, pois os meios de comunicação e a TV nos conectam com as tendências da moda. A alimentação é frugal, como na maior parte do Brasil, com pratos básicos como pão, arroz, feijão, massas, verduras e carne. Nos meses de outubro e janeiro, o pequi é saboreado, especialmente em receitas de arroz com pequi.


            Nas sobremesas, destaca-se a deliciosa cocada, feita com frutas típicas que lhe conferem um sabor especial. Merece destaque também o doce de buriti, uma das especialidades locais. Em doces de calda, encontramos figo, laranja e limão, feitos com frutas curtidas.

As ambrosianas, o queijo de leite e outros pudins, como o de caju e o de genipapo, são tradicionais. No quesito bolos, a tradição preserva o bolo de arroz, cantado em prosa e verso, além de outras variedades feitas com produtos regionais, como os bolos de mandioca, brevidade, biscoitos de polvilho, de queijo e peta. Quem já saboreou o cuscuz de fubá, com milho novo e manteiga de leite, certamente não se esquece. E o que é sempre uma presença garantida à mesa.

 

Educação e Cultura.


             A primeira professora da Vila de Santa Maria de Taguatinga foi a Mestra Ricarda Alcântara de Abreu, mãe do saudoso deputado João de Abreu, que lecionava para o sexo feminino, já que na época as escolas não eram mistas. O primeiro mestre que alfabetizou os meninos da cidade foi o senhor Agostinho José de Almeida, patriarca de uma numerosa família de Almeidas, sendo o atual prefeito um dos seus descendentes.
              Em 1937, Taguatinga foi beneficiada com a criação de um grupo escolar, um dos primeiros do Nordeste Goiano, que recebeu o nome de "Escola Agostinho de Almeida" em homenagem ao grande educador. Essa escola ainda é um educandário pioneiro da cidade, com 350 alunos. O primeiro diretor desse estabelecimento de ensino foi o doutor Timóteo Ribeiro de Queiroz, filho de Taguatinga, farmacêutico formado na antiga capital de Goiás. Além de seu trabalho na área da saúde, também se dedicou à educação.


               Vários outros educandários estão em funcionamento na cidade, como o Colégio Estadual Professor Aureliano, que atende do 1º ao 2º grau e conta com 950 alunos, em memória a outro notável mestre da região. A Escola de 1º grau Justino de Almeida, com 928 alunos, atende até a 8ª série do ensino fundamental, e a Escola de 1º grau Joaquim José de Almeida, com 750 alunos.


               Na rede municipal de ensino, há 44 escolas funcionando em prédios próprios, bem mobiliados, com matrícula de 1.500 alunos, e 14 escolas estaduais, com matrícula de 280 alunos, também em prédios próprios do município.


              Faço parte do rol dos professores que se destacaram na educação de Taguatinga, sendo normalista formada pelo Colégio Sagrado Coração de Jesus, em Porto Nacional. Desde muito jovem, dediquei-me à causa da educação e do povo taguatinguense. Tive a oportunidade de reformar as normas do ensino primário, em 1955, durante a gestão do prefeito José Joaquim de Almeida. Fundamos a Escola Normal Regional João Batista de Almeida, que funcionou regularmente com bons resultados.

Em 1965, esta escola foi anexada à CNS, sob minha direção, e muito contribuiu para a expansão e melhoria do ensino no município.
Nos anos de 1966 a 1968, trabalhei na direção do ginásio estadual, e, em 2016, este ginásio ainda está em funcionamento, atraindo alunos de outros municípios, como prova da eficiência do ensino oferecido. Exerci o magistério por mais de duas gerações e, em reconhecimento, fui homenageada pelos ex-alunos com o título de "Mãe das Mestras”

 

Poderes Executivos e Legislativos.

Vultos Ilustres.


               Reviver nossos antepassados é trazer o passado vivido para o presente. Reverenciamos a memória do General Felipe Xavier de Barros, ex-interventor do estado de Goiás em 1940, que deixou um legado de grandes feitos. O deputado estadual João Batista de Almeida, natural da antiga capital de Goiás, defendeu com ardor os interesses do nordeste goiano e foi um grande defensor do desenvolvimento de Taguatinga.


             O deputado federal João de Abreu, também filho da terra, lutou incansavelmente na esfera federal em favor dos nordestinos. Como marco de seu incansável trabalho, ele deixou como legado o Hospital São João Batista, construído com recursos que ele conseguiu com muito esforço, e que permanece na memória de seus admiradores até hoje. Em homenagem a ele, a rua onde se localiza o hospital recebeu o seu nome.
João de Abreu foi um verdadeiro batalhador e, com sacrifício e perseverança, conseguiu beneficiar a região norte com melhorias significativas, como estradas, escolas, postos de saúde e campos de aviação, além de promover outras melhorias importantes na época de seu mandato.

 

Poderes Executivo e Legislativo.


O município de Taguatinga sempre contou com homens ilustres à frente da administração pública. Quando as regiões Norte e Nordeste ainda estavam esquecidas pelo governo, surgiu a força de João Batista de Almeida, cujos esforços projetaram a cidade. Ainda como administrador, os anais do município registram o nome do coronel Antônio José de Almeida, primeiro intendente de Taguatinga, no ano de 1916. Durante sua administração, foi instalado o posto meteorológico da cidade, o único da região do estado de Goiás. Ele também construiu o prédio que abrigava a Intendência, que ainda hoje é conservado e abriga a Delegacia Fiscal de Rendas. Seu sucessor foi o coronel João José de Almeida, que exerceu a função até a Revolução de 1930. Após esse período, o cargo de intendente passou a ser denominado de prefeito, e o interventor de Goiás, Pedro Ludovico, nomeou Leonardo do Carmo Lima, que exerceu o cargo durante alguns anos, no regime ditatorial. Mais tarde, o prefeito nomeado foi Camilo Godinho, um notável homem público que se dedicou muito ao serviço do município. Ele construiu o primeiro grupo escolar da cidade, deixando outros marcos de sua administração.


Em seguida, foram nomeados prefeitos pelo interventor, general Felipe Xavier de Barros, os filhos de Taguatinga, Pedro de Souza Regino e a senhora Maria Almeida Godinho. O primeiro prefeito eleito após a queda da ditadura foi o senhor Justino José de Almeida, que governou de 1946 a 1951. A câmara municipal, composta por sete vereadores, trabalhou harmoniosamente com o prefeito eleito pela sigla da UDN. O PSD também foi outro partido político em atuação no município.


A gestão do prefeito Justino foi muito fecunda, deixando como marco de seu trabalho o Hospital São João Batista, uma instituição de saúde que ainda está em pleno funcionamento. Durante seu mandato, foram construídos três prédios escolares no município, importantes marcos da boa administração.


O sucessor de Justino de Almeida foi o senhor José Joaquim de Almeida, que governou de 1951 a 1954, também eleito pelo voto popular, sob a sigla da UDN. Em sua gestão, Taguatinga foi beneficiada com a criação do Distrito de Ponte Alta do Bom Jesus.

 

Ele teve como meta administrativa a abertura de rodovias no município e a construção de pontes, pois, naquela época, começaram a circular na cidade e no município os primeiros carros motorizados. Durante sua gestão, também foi criada a Escola Normal Regional, cujo currículo era equivalente ao do ginásio da época.
O sucessor de José Joaquim de Almeida foi o Sr. Waldemar Carlos de França, filho ilustre da família Pontialtese, que governou de 1955 a 1959. Eleito pelo voto popular, foi responsável por um grande impulso de desenvolvimento do município em todos os setores: educação, saúde e transporte. A obra de maior vulto em sua gestão foi o serviço de abastecimento de água na cidade. Até então, a população mantinha o antigo hábito de usar potes de barro para armazenar o precioso líquido.
Também na gestão de Waldemar Carlos de França, foram iniciados os trabalhos para a construção da Usina Hidrelétrica do Rio Abreu, que hoje fornece energia para a cidade.

 

No bieno de 1959 a 1960, José Joaquim de Almeida foi reeleito para um curto período administrativo, durante o qual deu continuidade às obras de seu antecessor, com dinamismo e honestidade.
No quadriênio de 1961 a 1964, foi eleito pelo voto livre o Sr. Teodorico Silva Guedes. Durante sua gestão, deu continuidade aos trabalhos da usina elétrica, que foi inaugurada em seu governo.


          No quadriênio de 1965 a 1969, Waldemar Carlos de França foi novamente eleito. Ele impulsionou o ensino, instalando escolas de primeiro grau, construiu pontes, introduziu melhorias nas estradas em todo o município e realizou o calçamento de algumas ruas da cidade.


         Outros prefeitos eleitos: Liberato José de Almeida, sucessor de Waldemar Carlos de França, foi eleito para o triênio de 1970-1972. Apesar do curto mandato, sua gestão foi marcada pela construção da Maternidade Nossa Senhora da Abadia, que presta relevantes benefícios à comunidade. Praças bem planejadas foram construídas durante seu governo e hoje embelezam a cidade.


         Onezibulo José Pereira, eleito para o quadriênio de 1973 a 1976, tem como marca de sua gestão a fundação da Casa Nossa Senhora do Rosário, instituição de ensino dirigida por irmãs dominicanas. Essas beneméritas educadoras têm contribuído significativamente para o desenvolvimento da cidade, tanto no setor educacional quanto no social, em prol do bem-estar da comunidade taguatinguense.

 

Para a gestão seguinte, o prefeito eleito pela Arena foi o jovem Gercílio de Almeida Goldinho, e pela mesma sigla, toda a Câmara de Vereadores. Foi uma gestão profícua, beneficiando o município em diversos aspectos. Estradas e pontes foram melhoradas, e, com o apoio do governador do Estado, doutor Ary Ribeiro Valadão, grandes melhorias foram realizadas para o município. Instalou-se no povoado de Altamira uma indústria de farinha de mandioca e açúcar mascavo, que se tornou um povoado próspero, com agricultura desenvolvida, especialmente no cultivo de mandioca e cana-de-açúcar.


Outra obra de destaque foi a construção da hidrelétrica do Rio Abreu, aproveitando uma cascata de grande extensão. Esta obra de grande porte foi realizada com recursos do governo estadual. A hidrelétrica fornece energia para a sede do município e para os municípios vizinhos: Aurora do Tocantins, Combinado, Novo Alegre do Tocantins e Campo Belos de Goiás. A gestão de Gercílio Goldinho foi fecunda e teve seu mandato prorrogado por mais dois anos.


Seu sucessor foi o doutor Jocy Deus de Almeida, eleito para o período de 1983 a 1988. Durante sua administração, dedicou-se à melhoria das estradas municipais, ampliando as rodovias e ligando os pontos de maior comunicação do município. Para impulsionar a agricultura e a exportação de produtos da lavoura, construiu e melhorou pontes e edificou vários prédios escolares na zona rural.


O sucessor de Jocy foi o doutor Antônio Tonico de Almeida, que assumiu para o quadriênio de 1988 a 1992, com uma Câmara composta por nove vereadores. Taguatinga confiou este novo filho à frente de sua administração, destacando-se como um homem público. O povo depositou nele suas esperanças, sabendo que ele empregaria todo o esforço para fazer de Taguatinga, a "Cidade das Palmeiras", um dos municípios mais prósperos do novo estado do Tocantins.Em três anos de sua administração, foram construídos prédios escolares na zona rural, além da reforma das unidades já em funcionamento. Construiu a feira livre e coberta, um centro de abastecimento popular, ampliou o parque agropecuário, asfaltou algumas ruas e outras foram calçadas com paralelipípedos. Além disso, realizou uma ampla reforma no Hospital São João Batista e na Maternidade Nossa Senhora da Abadia.

 

Construiu o perímetro urbano da cidade, com dois prédios escolares: um com quatro salas de aula e dependências, e outro com oito salas e dependências, equipando-os com carteiras, mesas, geladeiras, armários e materiais didáticos. Criou a Secretaria de Cultura, sendo a primeira titular a autora dessa iniciativa. Ampliou a rede de energia elétrica e ornamentou as avenidas e praças com vistosas luminárias. Deveria entregar à comunidade, até o fim de seu mandato, casas populares para beneficiar as famílias de baixa renda, além de um prédio para o funcionamento de uma escola agrícola e a construção de mais um colégio com oito salas no setor norte da cidade.












































 


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AVALIAÇÃO- TEMA: HISTÓRIA DE TAGUATINGA

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