Esta publicação só foi possível graças à colaboração da
professora Rosália, que emprestou o livro dado a seu pai, o então vereador
Sebastião Nogueira, pela própria autora, Felipa Cavalcanti de Almeida. Essa
obra, a única que retrata a história da nossa cidade, foi escrita em 1992 com o
apoio do prefeito da época, Dr. Antônio Tonico de Almeida.
Edilson Rocha
HISTÓRIA
CAPÍTULO I
HISTÓRICO DO
MUNICÍPIO
Taguatinga teve sua origem
na Fazenda Brejo, propriedade de uma família numerosa. Pela fertilidade de suas
terras, atraía um grande número de pessoas interessadas no trabalho rural, que,
com o tempo, tornavam-se agregados e, posteriormente, proprietários.
Nas proximidades da fazenda, havia outras propriedades que também recebiam
pessoas atraídas pelas circunstâncias.
Naquelas imediações,
somente a área onde hoje se localiza a cidade de Taguatinga possuía vertentes
de água doce. As demais, incluindo a Fazenda Brejo, eram servidas por água
salobra, o que se presume ter sido um dos fatores para a grande concentração de
trabalhadores na propriedade.
Periodicamente, a fazenda
recebia visitas de familiares que, previamente combinadas, reuniam-se ali para
festas e confraternizações, permanecendo por vários dias em acampamentos
improvisados. Esse costume se repetiu por longos anos, até que, aos poucos,
começaram a abandonar as barracas e a construir casas para maior comodidade.
Pessoas vindas de outros
municípios e até mesmo de estados vizinhos, atraídas pelo comércio e pela
exploração de ouro e outros minérios, passaram a transitar pela região. Algumas
delas decidiram fixar residência, dando início a um pequeno núcleo
populacional. Entre essas pessoas, destaca-se o comerciante Francisco
Lino de Souza, natural de Paracatu (MG), considerado o fundador da cidade. Ele se casou com
uma das filhas da família proprietária da fazenda.
Em 1934, o povoado já
florescente recebeu o nome de Santa Maria. Francisco Lino de Souza, então
próspero comerciante, decidiu edificar uma capela e adquirir uma imagem de
Santa Maria para o altar. Antes que a compra fosse realizada, passou pela
região, com destino à Bahia, uma família procedente de Taipas (atualmente
distrito de Conceição do Tocantins), que levava consigo uma imagem de Nossa
Senhora da Abadia. A
família se dispôs a ceder a imagem temporariamente, sob o acordo de que a
buscaria mais tarde. No entanto, essa devolução nunca ocorreu, e a imagem
permaneceu no povoado.
A capela foi elevada à categoria de paróquia de Santa Maria de Taguatinga pela
Lei nº 105, de 5 de dezembro de 1840.
Em 1855, o povoado de
Santa Maria de Taguatinga foi elevado à categoria de vila, conforme a Lei
Provisória nº 4, de 6 de novembro do mesmo ano, criando um município que,
posteriormente, foi suspenso pela Lei nº 355, de 1º de agosto de 1863.
Em 1868, por meio da Lei nº
425, de 10 de novembro, a vila de Santa Maria de Taguatinga foi restaurada, e
sua instalação ocorreu em 10 de junho de 1872, passando a integrar o termo pertencente à
comarca de Paranã.
OUTROS DADOS SOBRE A ORIGEM DO MUNICÍPIO DE TAGUATINGA
No Itinerário do Rio de Janeiro ao Pará e Maranhão, pelas províncias de Minas
Gerais e Goiás, escrito pelo Marechal Raimundo José da Cunha Matos em 1823, há registros
importantes sobre a região. Naquele ano, o então governador das armas da Província
de Goiás, Marechal Cunha Matos, percorreu quase toda a província e, em sua
passagem por Taguatinga, vistoriou o registro local, deixando valiosas
observações sobre a área.
O mapa elaborado por ele
oferece importantes subsídios sobre os caminhos de então, que se aproximam das atuais rodovias e das
antigas estradas REAIS. Esses levantamentos contribuíram para o crescimento da
vila de Santa Maria de Taguatinga, cujas origens remontam ao século XVIII.
Na Descrição Corográfica da
Província de Goiás, Cunha Matos descreve detalhadamente o Registro, também
chamado de Contagem Velha, cuja função era evitar o contrabando de ouro e garantir a arrecadação
de impostos. Na cordilheira da Serra Geral, que faz divisa com o Estado da Bahia, esse
era o único ponto de passagem para viajantes. Por isso, foi construído um POSTO
FISCAL DE REGISTRO à
margem direita do rio Dois Irmãos. O local consistia em uma pequena casa de pau
a pique, rebocada com barro, contendo um quarto para o comandante, outro maior
para abrigar cinco ou seis soldados e uma cozinha.
As condições materiais eram tão
precárias que os soldados consideravam o local pior que os desertos da Sibéria.
No entanto, um filósofo da época descreveu a região como um sítio encantador,
de deslumbrante beleza, a pouca distância da majestosa Serra Geral. A atual CACHOEIRA
DO REGISTRO, formada
pelo rio Sobrado e que despenca abruptamente em um imenso abismo, recebeu esse
nome por estar próxima ao posto fiscal. Posteriormente, o registro teve seu
nome alterado para "LAGES", em referência a um ribeirão que, ao se
unir ao rio Dois Irmãos, formava o rio Sobrado.
Durante essa viagem, Cunha Matos também fez referências à Fazenda Saco, de propriedade de Dona Inês, onde residiam alguns agregados. No local, havia ainda uma casa de oração que reunia fiéis para os cultos dominicais. Essa fazenda foi a célula máter da vizinha cidade de Aurora do Tocantis
CAPÍTULO II
PERFIL GEOECONÔMICO E SOCIAL DO MUNICÍPIO
(Dados referentes ao ano
de 1992)
Área: O
município possui uma área de 3.736 km².
População: De
acordo com o Censo de 1991, a população urbana era de 5.308 habitantes,
enquanto a zona rural contava com 6.092 habitantes.
Altitude: O
município situa-se a 700 metros acima do nível do mar, sendo que grande parte
de seu território está a aproximadamente 800 metros de altitude.
Clima: Tropical
úmido, com temperaturas médias máximas de 36°C, mínimas de 17°C e média
compensada de 24°C. O clima é ameno e temperado, especialmente nas proximidades
da Serra Geral.
Localização: Suas
coordenadas geográficas situam-se na zona do Paranã, com a sede municipal
localizada aos pés da Serra Geral, na parte oeste do município, nas seguintes
posições:
Latitude:
12°24’ Sul
Longitude:
46°26’ Oeste
Limites:
Norte:
Município de Ponte Alta do Bom Jesus
Leste: Estado da Bahia, município de Barreiras ( atualmente Luís Eduardo Magalhaes)
Sul:
Município de Aurora do Tocantins
Oeste:
Município de Arraias
Regime de chuvas: O período chuvoso ocorre entre outubro e abril, com maior
intensidade nos meses de dezembro, fevereiro e março. A precipitação
pluviométrica anual é de aproximadamente 2.000 mm.
Infraestrutura meteorológica: A cidade é atendida por um posto meteorológico
bem equipado, instalado em 1915.
Distritos:
Em 1834, foi construída uma capela que se
tornou a célula mater do Distrito de Santa Maria, elevado à categoria de
paróquia pela Lei nº 105, de 5 de dezembro de 1840.
Em 1855, o distrito foi elevado à categoria
de vila com o nome de Santa Maria de Taguatinga, conforme a Lei Provisória nº
4, de 6 de novembro de 1855.
Entre 1855 e 1872, esteve anexado
aos municípios de São Domingos e Arraias.
A instalação definitiva do município
ocorreu em 10 de junho de 1872, com dois distritos: Santa Maria de Taguatinga e
Aurora do Tocantins.
Na década de 1950, foi criado o distrito de Ponte Alta do Bom Jesus,
totalizando três distritos em pleno desenvolvimento.
O município, inicialmente
denominado Santa Maria de Taguatinga, teve seu nome posteriormente corrigido
para Taguatinga. Por meio da Lei Estadual nº 425, de 10 de novembro de 1868, a
vila de Santa Maria de Taguatinga foi restaurada e desmembrada do município de
Arraias, tornando-se um município. Sua instalação oficial ocorreu em 10 de
junho de 1872, ficando o termo pertencente à comarca de Paranã.
Até janeiro de 1964, Taguatinga possuía dois grandes distritos. No entanto, por
decreto governamental de 1º de janeiro de 1964, o distrito de Aurora do Norte —
atualmente chamado Aurora do Tocantins — foi emancipado, tornando-se um
município autônomo. O mesmo aconteceu com o distrito de Ponte Alta do Bom Jesus,
que também obteve sua emancipação política e passou à condição de município.
Apesar das emancipações,
existe um intercâmbio comercial ativo entre os municípios e Taguatinga. Além
disso, os laços de amizade entre as famílias permanecem sólidos, garantindo
equilíbrio nos setores social, político e comercial.
Em 1948, em conformidade
com o artigo 8º das Disposições Constitucionais Transitórias do Estado, o
município de Taguatinga foi elevado à categoria de primeira instância. Sua
instalação solene ocorreu em 16 de maio de 1948, conduzida pelo então juiz de
direito da Comarca de Arraias, Dr. Rivadávia Licínio de Miranda. O primeiro
juiz municipal foi Manuel José de Almeida, esposo da autora.
Energia Elétrica
Através da Celg, hoje Celtins,
a Usina Hidrelétrica do Rio Abreu atende a zona urbana do município. Além
disso, a Cooperativa de Eletrificação distribui energia para as cidades de
Aurora do Tocantins, Combinado, Nova Alegre e Campos Belos de Goiás.
Comunicação
O serviço de telefonia está a cargo
da Telebrasília, permitindo chamadas de DDD para qualquer lugar do mundo.
Os serviços postais e telegráficos são mantidos pela ECT, garantindo o envio e
recebimento de correspondências.
Outro importante serviço de comunicação é
a televisão, que proporciona acesso em tempo real às notícias e eventos
mundiais. A cidade também conta com uma estação rodoviária, que funciona como
um ponto de atendimento aos usuários do transporte intermunicipal.
Todos esses serviços representam um importante patrimônio da cidade, que
cresce e se expande sob a brisa tropical que percorre os coqueirais, conferindo
à paisagem um encanto sutil.
Indústria
No setor industrial, destaca-se a
produção de cachaça, açúcar mascavo e rapadura, com diversos engenhos de cana implantados
em fazendas do município. Taguatinga é conhecida pela qualidade de sua cachaça,
celebrada no ditado popular:
"Aqui, além da terrinha, se tem a boa caninha."
Além disso, o município conta com:
Sete serrarias bem equipadas
Duas fábricas de móveis modernos
Fábricas de blocos e lajes para construção
Uma usina de calcário que abastece a agricultura de soja nos gerais da
Bahia
Uma fábrica de sabão
Uma pequena fábrica de queijo
Taguatinga mantém um setor industrial diversificado, contribuindo
significativamente para a economia local e regional.
O comércio é o principal
fator de desenvolvimento do município. Na Delegacia Fiscal Regional de
Taguatinga, a arrecadação de ICMS ocupa a terceira posição, sendo
realizada por meio de 10 agências de renda e 4 postos fiscais.
O município conta com mais de
100 estabelecimentos comerciais de médio e pequeno porte, abrangendo
diversos setores, como:
Varejo
Supermercados e comércio de gêneros alimentícios
Panificadoras
Sorveterias
Lanchonetes
As transações comerciais são amplamente conectadas aos principais centros do
país, incluindo São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Goiânia.
Agricultura e
Pecuária
A agricultura e a pecuária são
as duas principais atividades econômicas do município, sendo a base do seu
progresso. Com uma extensão territorial de 3.736 km², Taguatinga está em
franco desenvolvimento.
Embora a agricultura seja
um fator relevante para a economia local, a atividade predominante é a pecuária,
altamente ativa. A comercialização de gado é expressiva, com exportação para
vários estados do Nordeste. O município possui fazendas espalhadas por toda a
sua extensão, totalizando um rebanho bovino de aproximadamente 35 mil cabeças.
A criação de suínos, caprinos e equinos ocorre em menor escala. No
entanto, o rebanho equino vem sofrendo declínio devido à incidência de anemia
infecciosa equina.
Os agricultores e pecuaristas do município contam com o suporte do órgão Ruralteens,
que dispõe de uma equipe de profissionais qualificados, incluindo:
Engenheiros agrônomos
Médicos veterinários
Técnicos agrícolas
Extensionistas rurais
Vacinadores
O principal objetivo desses profissionais é garantir a sanidade do rebanho
municipal, promovendo assistência técnica e apoio ao desenvolvimento
agropecuário.
Hidrografia e
Relevo
Bacia Hidrográfica
O município de Taguatinga possui uma farta rede hidrográfica,
destacando-se os seguintes rios:
Rio Ponte Alta – Forma o limite natural com o município de mesmo nome.
Rio Sobrado – Serve de divisa natural com Aurora do Tocantins.
Rio Palma – Define o limite natural com Arraias.
Outros cursos d'água permanentes que possibilitam a irrigação em terrenos
propícios à agricultura.
Além desses, há diversos rios e córregos, entre eles:
Salobro, Grande, Conceição, Gregório, Abreu, Ouro, Cocunda, Estrema e Buriti
Grande.
Relevo
O relevo do
município é marcado por diversas formações naturais. Entre os destaques:
Cachoeira do Registro do Sobrado – Com uma queda d’água livre de 40 metros,
proporciona um espetacular arco-íris permanente, dependendo da posição
solar. Sua imponência pode ser comparada ao Salto de Itiquira.
Rio Abreu – Possui uma bela cascata, cujo potencial é aproveitado pela usina
hidrelétrica, que fornece energia para Taguatinga, Aurora do Tocantins,
Combinado, Novo Alegre e Campos Belos de Goiás.
Grutas dos Caldeirões e Ponte da Natureza – Conhecidas por sua beleza
espetacular.
Lagoas dos Patos e São Mateus – Além da paisagem deslumbrante, são ricas
em peixes.
Serra de Taguatinga – A única serra de destaque na região, que deu nome à
cidade.
Morro dos Agudos e Morro Redondo – Formações geográficas características
do município.
A riqueza natural da região favorece o turismo ecológico, proporcionando
cenários únicos e um ambiente propício para atividades de lazer e contemplação.
O município de Taguatinga é
cortado por estradas encascalhadas, ligadas por pontes, cuja conservação fica
sob responsabilidade da Prefeitura Municipal. A malha viária do município
conecta os pontos mais distantes à rodovia TO-118, que se estende em direção ao
norte e sul, ligando os municípios de Dianópolis, Ponte Alta do Bom Jesus e
Taguatinga, seguindo até Arraias, na divisa entre o Tocantins e o Estado
de Goiás. Além disso, a BR-242 liga o estado da Bahia ao sudeste do
Tocantins, no sentido leste-oeste.
Transportes de Ontem e de Hoje
Ao refletir sobre as últimas cinco décadas, vemos um grande avanço nos
meios de transporte na região norte do estado de Goiás. Comparando o passado
com o presente, podemos contrastar as viagens a cavalo ou de burro com as
atuais feitas em ônibus coletivos modernos ou carros particulares.
Naquela época, as viagens eram marcadas por pouca rapidez e muito romantismo,
quando as comitivas eram preparadas e o passo lento dos muares permitia
apreciar a beleza das paisagens regionais. Os apetrechos de carga eram
usados, juntamente com celas e sinhões para a montaria. Esses sinhões eram
especialmente vantajosos para as mulheres, pois proporcionavam maior conforto,
devido à posição do arreio e à escolha dos animais mais mansos e bonitos. Havia
também uma ponta de vaidade na confecção dos arreios, que eram, às vezes, luxuosos,
com adereços de prata.
O carro de boi correntão era o único meio de transporte de carga na
época, utilizado não apenas para o transporte municipal, mas também para intermunicipal e
estadual. A cidade de Barreiras, na Bahia, era o principal centro comercial
para o norte-nordeste de Goiás, abastecendo a região com produtos como sal,
querosene, café, tecidos e ferramentas para a agricultura, enquanto os
produtos locais, como a carne de sol, eram transportados para lá, sendo
altamente apreciados.
A viagem, ao longo das
trilhas dos imensos chapadões da Serra Geral, tinha uma duração de 15 a 25
dias, e o comboio, composto de três a cinco carros, era conduzido por quatro ou
mais parelhas de bois, sob o comando dos carreiros. O carretão, outro
transporte primitivo e de grande utilidade na época, era utilizado nas fazendas para
o transporte de toras de madeira.
Com a chegada do progresso,
representado pelo asfalto e pelas estradas vicinais, o transporte a cavalo caiu
em desuso. Hoje, várias empresas oferecem ônibus que partem diariamente de
Taguatinga para Brasília, Goiânia e cidades vizinhas. Não existem ferrovias nem
transporte aéreo no município, sendo que caminhões são responsáveis pelo
transporte de carga.
Assistência
Médico-Sanitária:
A cidade conta com um hospital bem
equipado, que, em homenagem ao deputado João Batista de Almeida, filho de Taguatinga,
foi batizado sob a proteção de São João Batista. Anexo a este hospital,
funciona a Maternidade Nossa Senhora da Abadia, que oferece atendimento à cidade graças ao
esforço do abnegado prefeito municipal, Dr. Antônio Tonico de Almeida, que
considera a saúde uma das principais metas de seu governo. Além disso, funciona
o órgão federal SUCAM, que presta assistência a todo o município, realizando um
trabalho eficiente, especialmente nas áreas rurais, com destaque para a campanha
de erradicação do barbeiro no combate à Doença de Chagas.
Assistência Social:
A primeira-dama do
município, Senhora Josemária Azevedo de Almeida, desde o início de seu
trabalho, tem se dedicado ao atendimento das pessoas carentes. Atualmente,
estão em funcionamento cursos de datilografia, artesanato, culinária, corte e
costura, além de um clube de mães gestantes.
A generosidade do povo
taguatinguense não permite desamparo ou miséria para seus irmãos incapazes, que
são acolhidos em um asilo, sob a direção da primeira-dama do município. O povo
é unido nas alegrias e nas tristezas, como se vê nos funerais, onde não faltam
mãos generosas para carregar o caixão até o cemitério, completando o cortejo
até seu destino final.
Segurança Pública:
A segurança do município é
garantida por uma delegacia de polícia com um pequeno destacamento
policial, complementado por serviços de radiofonia. Este destacamento é
suficiente para manter a ordem, com ocorrências de desordem e violência sendo
mínimas.
A cidade:
Taguatinga está localizada
em uma encosta suave e pitoresca, numa planície ao lado da Serra Geral, a maior
cordilheira do Brasil. Esta serra tem início no Estado do Maranhão, com o nome
de Serra da Mangabeira, e vai até a divisa de Goiás com Minas Gerais, onde é
conhecida como Serra das Divisões. A cidade se apresenta como um bosque,
repleta de árvores frutíferas, com um exuberante coqueiral que emoldura o
panorama local, tornando-se símbolo da cidade, conhecida como Cidade das
Palmeiras.
À medida que se observa a paisagem,
destacam-se as manchas vermelhas e escuras dos telhados antigos, mescladas com
a profusão de telhados novos, resultado das inúmeras construções que são um
reflexo do progresso local. As casas bem conservadas, as ruas pavimentadas e
limpas, e as praças bem cuidadas conferem à cidade um aspecto agradável e
acolhedor.
Na Praça da Matriz,
ergue-se o prédio do Banco do Brasil, um importante marco do passado da cidade.
No final do século XIX,
Taguatinga viveu seu auge na pecuária, aproveitando as vastas pastagens
naturais. Os coronéis pecuaristas, símbolos de prosperidade e prestígio,
construíam residências imponentes, substituindo as simples casas de beiral por
fachadas ornamentadas e de grande destaque.
Dentro deste contexto, o
senhor Manoel do Carmo Lima, patriarca de uma numerosa família, construiu o Sobrado, que hoje abriga
a agência do Banco do Brasil. O imóvel foi adquirido de uma neta do coronel
mencionado, e os trabalhos de restauração foram realizados pela SPHAN, com
cuidado na preservação do patrimônio original, tornando-o um dos últimos
remanescentes do século XIX em toda a região. Esse esforço é digno de nota,
especialmente por um estabelecimento bancário, como o Banco do Brasil,
preservar as tradições locais, representadas por casarões que agora fazem parte
da história de Taguatinga.
Hábitos e
costumes.
Apoiada nas tradições nacionais, a
família taguatingense respeita a dignidade de todos e considera cada pessoa, em
particular, como semelhante. Ninguém é uma ilha para viver isolado. As
famílias, mesmo com o corre-corre diário, vivem em harmonia, sobrando ainda
tempo para visitas e bate-papos amistosos à porta das residências, à sombra da
frondosa arborização.
Nas festividades de batizados e
primeira comunhão, as mesas são fartas de bolos coloridos e salgadinhos variados.
Tradicionalmente, usa-se o famoso bolo de arroz, o mane pelado e o biscoito de
galho, itens indispensáveis nas mesas taguatinguenses.
O figurino é atualizado,
pois os meios de comunicação e a TV nos conectam com as tendências da moda. A
alimentação é frugal, como na maior parte do Brasil, com pratos básicos como
pão, arroz, feijão, massas, verduras e carne. Nos meses de outubro e janeiro, o
pequi é saboreado, especialmente em receitas de arroz com pequi.
Nas sobremesas, destaca-se a
deliciosa cocada, feita com frutas típicas que lhe conferem um sabor especial.
Merece destaque também o doce de buriti, uma das especialidades locais. Em
doces de calda, encontramos figo, laranja e limão, feitos com frutas curtidas.
As ambrosianas, o queijo
de leite e outros pudins, como o de caju e o de genipapo, são tradicionais. No
quesito bolos, a tradição preserva o bolo de arroz, cantado em prosa e verso,
além de outras variedades feitas com produtos regionais, como os bolos de
mandioca, brevidade, biscoitos de polvilho, de queijo e peta. Quem já saboreou
o cuscuz de fubá, com milho novo e manteiga de leite, certamente não se
esquece. E o que é sempre uma presença garantida à mesa.
Educação e
Cultura.
A primeira professora da
Vila de Santa Maria de Taguatinga foi a Mestra Ricarda Alcântara de Abreu, mãe
do saudoso deputado João de Abreu, que lecionava para o sexo feminino, já que
na época as escolas não eram mistas. O primeiro mestre que alfabetizou os
meninos da cidade foi o senhor Agostinho José de Almeida, patriarca de uma
numerosa família de Almeidas, sendo o atual prefeito um dos seus descendentes.
Em 1937, Taguatinga foi
beneficiada com a criação de um grupo escolar, um dos primeiros do Nordeste
Goiano, que recebeu o nome de "Escola Agostinho de Almeida" em homenagem
ao grande educador. Essa escola ainda é um educandário pioneiro da cidade, com
350 alunos. O primeiro diretor desse estabelecimento de ensino foi o doutor
Timóteo Ribeiro de Queiroz, filho de Taguatinga, farmacêutico formado na antiga
capital de Goiás. Além de seu trabalho na área da saúde, também se dedicou à
educação.
Vários outros educandários
estão em funcionamento na cidade, como o Colégio Estadual Professor Aureliano,
que atende do 1º ao 2º grau e conta com 950 alunos, em memória a outro notável
mestre da região. A Escola de 1º grau Justino de Almeida, com 928 alunos,
atende até a 8ª série do ensino fundamental, e a Escola de 1º grau Joaquim José
de Almeida, com 750 alunos.
Na rede municipal de
ensino, há 44 escolas funcionando em prédios próprios, bem mobiliados, com
matrícula de 1.500 alunos, e 14 escolas estaduais, com matrícula de 280 alunos,
também em prédios próprios do município.
Faço parte do rol dos
professores que se destacaram na educação de Taguatinga, sendo normalista
formada pelo Colégio Sagrado Coração de Jesus, em Porto Nacional. Desde muito
jovem, dediquei-me à causa da educação e do povo taguatinguense. Tive a
oportunidade de reformar as normas do ensino primário, em 1955, durante a
gestão do prefeito José Joaquim de Almeida. Fundamos a Escola Normal Regional
João Batista de Almeida, que funcionou regularmente com bons resultados.
Em 1965, esta escola foi
anexada à CNS, sob minha direção, e muito contribuiu para a expansão e melhoria
do ensino no município.
Nos anos de 1966 a 1968, trabalhei na direção do ginásio estadual, e, em 2016,
este ginásio ainda está em funcionamento, atraindo alunos de outros municípios,
como prova da eficiência do ensino oferecido. Exerci o magistério por mais de
duas gerações e, em reconhecimento, fui homenageada pelos ex-alunos com o
título de "Mãe das Mestras”
Poderes
Executivos e Legislativos.
Vultos
Ilustres.
Reviver nossos
antepassados é trazer o passado vivido para o presente. Reverenciamos a memória
do General Felipe Xavier de Barros, ex-interventor do estado de Goiás em 1940,
que deixou um legado de grandes feitos. O deputado estadual João Batista de
Almeida, natural da antiga capital de Goiás, defendeu com ardor os interesses
do nordeste goiano e foi um grande defensor do desenvolvimento de Taguatinga.
O deputado federal João de
Abreu, também filho da terra, lutou incansavelmente na esfera federal em favor
dos nordestinos. Como marco de seu incansável trabalho, ele deixou como legado
o Hospital São João Batista, construído com recursos que ele conseguiu com
muito esforço, e que permanece na memória de seus admiradores até hoje. Em
homenagem a ele, a rua onde se localiza o hospital recebeu o seu nome.
João de Abreu foi um verdadeiro batalhador e, com sacrifício e perseverança,
conseguiu beneficiar a região norte com melhorias significativas, como
estradas, escolas, postos de saúde e campos de aviação, além de promover outras
melhorias importantes na época de seu mandato.
Poderes
Executivo e Legislativo.
O município de Taguatinga sempre contou com homens ilustres à frente da
administração pública. Quando as regiões Norte e Nordeste ainda estavam
esquecidas pelo governo, surgiu a força de João Batista de Almeida, cujos
esforços projetaram a cidade. Ainda como administrador, os anais do município
registram o nome do coronel Antônio José de Almeida, primeiro intendente de
Taguatinga, no ano de 1916. Durante sua administração, foi instalado o posto
meteorológico da cidade, o único da região do estado de Goiás. Ele também
construiu o prédio que abrigava a Intendência, que ainda hoje é conservado e
abriga a Delegacia Fiscal de Rendas. Seu sucessor foi o coronel João José de
Almeida, que exerceu a função até a Revolução de 1930. Após esse período, o
cargo de intendente passou a ser denominado de prefeito, e o interventor de
Goiás, Pedro Ludovico, nomeou Leonardo do Carmo Lima, que exerceu o cargo
durante alguns anos, no regime ditatorial. Mais tarde, o prefeito nomeado foi
Camilo Godinho, um notável homem público que se dedicou muito ao serviço do
município. Ele construiu o primeiro grupo escolar da cidade, deixando outros
marcos de sua administração.
Em seguida, foram nomeados prefeitos pelo interventor, general Felipe Xavier de
Barros, os filhos de Taguatinga, Pedro de Souza Regino e a senhora Maria
Almeida Godinho. O primeiro prefeito eleito após a queda da ditadura foi o
senhor Justino José de Almeida, que governou de 1946 a 1951. A câmara
municipal, composta por sete vereadores, trabalhou harmoniosamente com o
prefeito eleito pela sigla da UDN. O PSD também foi outro partido político em
atuação no município.
A gestão do prefeito Justino foi muito fecunda, deixando como marco de seu
trabalho o Hospital São João Batista, uma instituição de saúde que ainda está
em pleno funcionamento. Durante seu mandato, foram construídos três prédios
escolares no município, importantes marcos da boa administração.
O sucessor de Justino de Almeida foi o senhor José Joaquim de Almeida, que
governou de 1951 a 1954, também eleito pelo voto popular, sob a sigla da UDN.
Em sua gestão, Taguatinga foi beneficiada com a criação do Distrito de Ponte
Alta do Bom Jesus.
Ele teve como meta
administrativa a abertura de rodovias no município e a construção de pontes,
pois, naquela época, começaram a circular na cidade e no município os primeiros
carros motorizados. Durante sua gestão, também foi criada a Escola Normal
Regional, cujo currículo era equivalente ao do ginásio da época.
O sucessor de José Joaquim de Almeida foi o Sr. Waldemar Carlos de França,
filho ilustre da família Pontialtese, que governou de 1955 a 1959. Eleito pelo
voto popular, foi responsável por um grande impulso de desenvolvimento do
município em todos os setores: educação, saúde e transporte. A obra de maior
vulto em sua gestão foi o serviço de abastecimento de água na cidade. Até
então, a população mantinha o antigo hábito de usar potes de barro para
armazenar o precioso líquido.
Também na gestão de Waldemar Carlos de França, foram iniciados os trabalhos
para a construção da Usina Hidrelétrica do Rio Abreu, que hoje fornece energia
para a cidade.
No bieno de 1959 a 1960,
José Joaquim de Almeida foi reeleito para um curto período administrativo,
durante o qual deu continuidade às obras de seu antecessor, com dinamismo e
honestidade.
No quadriênio de 1961 a 1964, foi eleito pelo voto livre o Sr. Teodorico Silva
Guedes. Durante sua gestão, deu continuidade aos trabalhos da usina elétrica,
que foi inaugurada em seu governo.
No quadriênio de 1965 a 1969,
Waldemar Carlos de França foi novamente eleito. Ele impulsionou o ensino,
instalando escolas de primeiro grau, construiu pontes, introduziu melhorias nas
estradas em todo o município e realizou o calçamento de algumas ruas da cidade.
Outros prefeitos eleitos:
Liberato José de Almeida, sucessor de Waldemar Carlos de França, foi eleito
para o triênio de 1970-1972. Apesar do curto
mandato, sua gestão foi marcada pela construção da Maternidade Nossa Senhora da
Abadia, que presta relevantes benefícios à comunidade. Praças bem planejadas
foram construídas durante seu governo e hoje embelezam a cidade.
Onezibulo José Pereira, eleito
para o quadriênio de 1973 a 1976, tem como marca de sua gestão a fundação da
Casa Nossa Senhora do Rosário, instituição de ensino dirigida por irmãs
dominicanas. Essas beneméritas educadoras têm contribuído significativamente
para o desenvolvimento da cidade, tanto no setor educacional quanto no social,
em prol do bem-estar da comunidade taguatinguense.
Para a gestão seguinte, o
prefeito eleito pela Arena foi o jovem Gercílio de Almeida Goldinho, e pela
mesma sigla, toda a Câmara de Vereadores. Foi uma gestão profícua, beneficiando
o município em diversos aspectos. Estradas e pontes foram melhoradas, e, com o
apoio do governador do Estado, doutor Ary Ribeiro Valadão, grandes melhorias
foram realizadas para o município. Instalou-se no povoado de Altamira uma
indústria de farinha de mandioca e açúcar mascavo, que se tornou um povoado
próspero, com agricultura desenvolvida, especialmente no cultivo de mandioca e
cana-de-açúcar.
Outra obra de destaque foi a construção da hidrelétrica do Rio Abreu,
aproveitando uma cascata de grande extensão. Esta obra de grande porte foi
realizada com recursos do governo estadual. A hidrelétrica fornece energia para
a sede do município e para os municípios vizinhos: Aurora do Tocantins,
Combinado, Novo Alegre do Tocantins e Campo Belos de Goiás. A gestão de
Gercílio Goldinho foi fecunda e teve seu mandato prorrogado por mais dois anos.
Seu sucessor foi o doutor Jocy Deus de Almeida, eleito para o período de 1983 a
1988. Durante sua administração, dedicou-se à melhoria das estradas municipais,
ampliando as rodovias e ligando os pontos de maior comunicação do município.
Para impulsionar a agricultura e a exportação de produtos da lavoura, construiu
e melhorou pontes e edificou vários prédios escolares na zona rural.
O sucessor de Jocy foi o doutor Antônio Tonico de Almeida, que assumiu para o
quadriênio de 1988 a 1992, com uma Câmara composta por nove vereadores.
Taguatinga confiou este novo filho à frente de sua administração, destacando-se
como um homem público. O povo depositou nele suas esperanças, sabendo que ele
empregaria todo o esforço para fazer de Taguatinga, a "Cidade das Palmeiras",
um dos municípios mais prósperos do novo estado do Tocantins.Em três anos de
sua administração, foram construídos prédios escolares na zona rural, além da
reforma das unidades já em funcionamento. Construiu a feira livre e coberta, um
centro de abastecimento popular, ampliou o parque agropecuário, asfaltou
algumas ruas e outras foram calçadas com paralelipípedos. Além disso, realizou
uma ampla reforma no Hospital São João Batista e na Maternidade Nossa Senhora
da Abadia.
Construiu o perímetro urbano
da cidade, com dois prédios escolares: um com quatro salas de aula e
dependências, e outro com oito salas e dependências, equipando-os com
carteiras, mesas, geladeiras, armários e materiais didáticos. Criou a
Secretaria de Cultura, sendo a primeira titular a autora dessa iniciativa.
Ampliou a rede de energia elétrica e ornamentou as avenidas e praças com
vistosas luminárias. Deveria entregar à comunidade, até o fim de seu mandato,
casas populares para beneficiar as famílias de baixa renda, além de um prédio
para o funcionamento de uma escola agrícola e a construção de mais um colégio
com oito salas no setor norte da cidade.
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